Liciane Ketty da Silva Braz

Liciane Ketty da Silva Braz, de 19 anos, é estudante de Artes Visuais do terceiro semestre no CEUNSP, e além de seu envolvimento com as artes visuais e plásticas, tem também um ‘pezinho’ em música: toca instrumentos como piano, violão e violoncelo. Estudou no Conservatório Maestro Henrique Castelari, em Salto, quando começou a aprender música entre os seus 7 e 8 anos. Até a faculdade ela entendia as artes como elemento simplesmente “decorativo”, como algo que deve ser belo na concepção do senso comum, algo que é agradável. A faculdade então lhe abriu os horizontes, principalmente tendo aulas de História da Arte com a professora Sonia Chamon, e Filosofia com a Paula Piotto. “Pretendo fazer mestrado na área”, afirma Liciane, quando explicava o seu interesse pela área.

Você é gerente da AECA do Espaço Galeria FCAD. O que vocês fazem?

A Espaço Galeria monta exposições dos artistas fora e dentro da faculdade. Todo museu ou galeria tem o curador. A curadoria é responsável pela escolha das obras, pela concepção, montagem e supervisão de uma exposição de arte, além de ser também o responsável pela execução e revisão do catálogo da exposição. Existem curadores de caráter público e privado. Podem atuar em galerias de arte, museus e fundações; geralmente são especialistas em História da Arte, Filosofia ou Estética. Em nossa AECA, nem sempre o curador é o Líder. No caso da Espaço Galeria, temos um companheirismo muito grande e costumamos apoiar um ao outro e costumamos dividir as tarefas, ouvir as opiniões uns dos outros, tanto quando estamos ainda começando a montar as exposições, como quando elas já estão instaladas.

De onde veio seu interesse pela arte?

Tenho envolvimento com a Arte desde pequena. Embora minha mãe não seja formada, ela sempre se envolveu com artesanatos. Trabalhou para a prefeitura da minha cidade, Elias Fausto, dando aulas de corte e costura, artesanatos e pintura. Quando entrei na faculdade eu gostei muito de História da Arte e Filosofia. No caso da Filosofia, eu gostava desde antes de entrar, e então acho que o interesse surgiu daí, gostei também tanto de História da Arte que pretendo fazer mestrado na área.

Sua mãe, com essa veia artística, te apoiou na sua decisão? Qual foi o papel da sua família em relação a escolha do seu curso?

Bom, meus pais sempre quiseram que eu estudasse para ser professora. A sorte é que eu sou apaixonada por dar aula, inclusive sou professora de música na Casa da Cultura. Pelo curso ser uma licenciatura eles apoiaram.

Você já trabalhou ou trabalha na área do seu curso?

Como professora de arte ainda não, prefiro fazer o estágio antes de começar a dar aula nesta área. Eu comecei a compreender verdadeiramente a arte quando eu comecei o curso, então eu ainda sinto necessidade de me aprofundar mais sobre isso.

Como você se vê no futuro em relação à sua profissão? Você sente que hoje há desinteresse por essa área?

Eu não concordo muito com esta ideia de que a arte é desvalorizada. Pelo contrário, há obras que chegam a ser vendidas por preços altíssimos na Feira SP-Arte, por exemplo. O que há é uma falta de compreensão do papel da arte na história. Por isso as pessoas estão sempre procurando algo 'belo e agradável' aos olhos.

Acho que está também um pouco associado à educação desqualificada do ensino de arte nas escolas. De certa forma, os professores acabam levando os alunos a pensar que arte em si significa desenho, e isso acaba desmotivando os alunos, afinal, nem todos desenham e gostam de desenhar - eu por exemplo sou uma. Hoje eu pergunto a vários alunos se eles gostavam ou gostam de arte, e todos me respondem a mesma coisa: não. Pergunto então o porquê, e a resposta é simplesmente porque não sabem desenhar. Não há na educação escolar e familiar esse tipo de discussão, de que essas áreas também são profissão e são abrangentes.