A arte do amor Entrevista com Sonia Chamon
“É algo que me alimenta”. Sonia Leni Chamon, professora há 8 anos no Ceunsp, e há 3 coordenadora das licenciaturas artísticas da instituição, é apaixonada pela arte desde a infância. São 48 anos, segundo ela, de um amor indissolúvel. Revelou também ser uma relação de amor da qual tem muito orgulho de falar: “Meus alunos inclusive conhecem a história”.
Sonia Chamon, como é popularmente conhecida nos corredores do bloco K, é arte-educadora com licenciatura em artes visuais pela Faculdade Belas Artes, em São Paulo, e especialista em Semiótica e Meios de Comunicação, pela Universidade de São Paulo. Já morando em Salto, fez mestrado em História da Arte no Instituto de Artes da Unicamp. Aliás, também pela cidade, Sonia demonstra imenso carinho. “Moro em Salto já há 25 anos, já sou da cidade, de coração”.
Nessa entrevista à revista Olho na Arte, a professora e coordenadora Sonia Chamon conta detalhes de sua trajetória artística, fala dos seus planos para o futuro, e dá dicas aos que querem, assim como ela, amar e viver da arte.
Como a arte entrou na sua vida?
Nossa, muito pequena, muito criança. Meus alunos inclusive conhecem a história. Antes de saber ler, eu e meus irmãos - venho de uma família numerosa - tínhamos um jogo de tabuleiro chamado ‘Leilão de Arte’, que era um jogo divertidíssimo, diga-se de passagem, e eu brincava com meus irmãs com aquele jogo, conhecendo os quadros que a gente leiloava. Eu não sabia ler, mas já sabia fazer o jogo, eu já conhecia os quadros, já tinha os meus prediletos. Isso devia ter uns 5 anos. Quando tinha 6 ou 7 anos, eu fui ao MASP pela primeira vez, e vi aqueles quadros pelos quais eu era apaixonada no jogo, ao vivo, e os originais. E aí foi amor que não acabou nunca mais, fazendo já 48 anos, e essa memória ainda permanece.
É possível viver de Arte no Brasil?
Olha, eu vi um artigo há pouco tempo na Globo News sobre o grande impulso da comercialização da arte brasileira no exterior atualmente. É a que mais cresceu, em função de algumas coisas: da qualidade do trabalho artístico brasileiro que tem se mostrado, e condições econômicas referentes ao Dólar que possibilitaram o aumento dessas transações.
Mercadológica sim, mas independente desta fase pela qual vivemos, viver de arte sempre foi possível. Bons artistas e bons professores o mundo sempre vai precisar, não importa o que está acontecendo. Você não vê nenhum momento da história da humanidade que não tenha artista ou que não tenha professor. Ter sua boa formação, um trabalho de grande seriedade e que você tenha seus diferenciais, como todas as áreas, são uma espécie de garantia para você conseguir seu nicho no mercado. Você precisa ir atrás.
No momento você atua como professora e coordenadora. Já passava por sua cabeça seguir por este caminho? Como é essa experiência?
Professora eu sempre sonhei em ser. Eu amo a docência, é algo que me alimenta. Para coordenação, fui convidada há três anos para iniciar na coordenação das licenciaturas. Comecei na licenciatura de artes visuais, por um convite do professor Edson Cortez, que muito me honrou, que foi algo muito instigante, e que realmente me debrucei, me dediquei tentando construir junto com meus alunos o melhor curso que eu acredito. Então isso é um trabalho de muita realização pessoal. Também é algo em que eu me renovo, me debruço, procuro melhorar. Mas eu sei que é algo que não é tão perene quanto será a docência, com certeza.
Quais são seus planos para o futuro?
Eu quero o mais rápido possível começar o meu doutorado, eu só tenho o mestrado. Ideias de pesquisa, vontade de voltar a sentar nos bancos escolares, são coisas que têm me dado muita motivação. Então o meu próximo projeto, com certeza, é o meu doutorado.
Como você se mantém atualizada no mundo da arte? Tem alguma dica de publicação, programa, site para que os alunos fiquem por dentro de tudo relacionado?
Olha, dica de site, blog que eu dou para que fiquem super bem informados é a Olho na Arte, que é uma Agência Experimental realizada aqui pelos alunos, que fazem um trabalho muito bacana de divulgação da arte com uma seriedade muito grande. Estamos indo para o terceiro ano da Olho na Arte, com algumas modificações. No ano passado ela se consolidou, e este ano está tendo sua continuidade, e é um dos canais legais para se manter informado.
Agora, como eu particularmente me mantenho informada, é da maneira mais certa, que não tem como você escapar. Para ficar atualizado em qualquer área é ser professor. Quando você é professor você é obrigado, faz parte do teu cotidiano: se renovar, se conhecer, ler, estudar, se aprofundar e trocar ideias com seus alunos.
Para todas as pessoas que querem seguir no caminho da Arte, você teria alguma dica ou conselho nesse trajeto?
Seja verdadeiro consigo mesmo, busque uma formação sólida, não se contente com pouco, seja autocrítico... Mas acho que essas coisas são para a vida. No nosso dia a dia a gente tem que ser assim em tudo. O mercado de arte é um mercado difícil. Quem se prontifica a viver disso, tem que ter um diferencial. Tem que ter muita crítica, tem que ver o seu próprio trabalho numa visão crítica, ter humildade para crescer sempre, aprendendo de todas as formas.