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Gustavo Chu: construindo carreira na Sétima Arte

Gustavo Chu, de São Bernardo do Campo, é formado em Cinema pela FCAD-CEUNSP, com uma passagem marcada por curtas metragens famosos. Além de seu talento, Gustavo também ficou conhecido por suas organizar ótimas festas, muitas vezes com participações dos próprios professores da faculdade, que acabaram seus amigos e admiradores. Como a Olho na Arte é a vitrine de alunos e ex-alunos talentosos da FCAD, convidamos o Gustavo a nós contar um pouco de suas experiências e projetos, que aceitou prontamente e foi super simpático! Confiram agora a entrevista com um dos grandes talentos da FCAD!

Você terminou o curso de Cinema na FCAD agora em 2014. Lá no começo da faculdade, os objetivos eram os mesmos que você possui agora?

Mais ou menos. Eu fiz um curso técnico de Direção pra Cinema antes da faculdade, então eu já meio que queria me especializar em direção, mas o motivo mudou durante o curso! Eu me especializei em direção porque me deu experiência em todas as outras áreas de maneira mais abrangente, o que eu não espera quando comecei.

A indústria do cinema brasileiro tem se mostrado algo muito forte nos últimos anos, mas ainda infelizmente não é nada que prometa coisas como uma fácil instabilidade financeira, por exemplo. Isso algum dia nessa trajetória foi uma questão pra você?

Bom, com certeza! A gente, por mais que vá estudar o que mais gosta e seguir um sonho, sempre pensa em ganhar dinheiro e tal com esse sonho, né? Não muito, mas o suficiente! Se sustentar fazendo o que ama vale muito mais do que dinheiro pra mim. E, por mais que o cinema brasileiro não seja ainda algo como Hollywood em termos de estabilidade e grana, já chegamos muito longe e, além disso, nada nos impede de exercer as mesmas funções em outras áreas! Marketing ou publicidade, por exemplo, são campos audiovisuais bem legais e mais certos financeiramente. O importante é não perder o objetivo e o foco no caminho, que é o cinema!

Você sempre percebeu esse lado de cineasta ou foi algo que você precisou entrar na faculdade pra descobrir que realmente era isso que você queria pra si?

Cara, não vou dizer que isso não existia em mim desde pequeno. Minha mãe conta que eu adorava alugar filmes e, quando acabava de assistir, rebobinava na hora e assistia de novo e de novo até decorar todas as falas! Eu nunca imaginei que isso se tornaria parte da minha profissão e o guia da minha vida! Até me formar no colegial, era o amigo que menos conhecia os filmes diferentes e nunca entendia o final de filmes que hoje são alguns dos meus favoritos! Eu entrei nessa porque não sabia o que fazer de faculdade, só sabia que queria muito me expressar de alguma maneira! Meu melhor amigo me ligou, um dia, me dizendo que leu sobre um curso técnico e gratuito para cinema aqui no ABC e que, já que eu não estava fazendo nada, podia me inscrever e ver se gostava. Depois que coloquei os pés num set pela primeira vez, percebi que não tinha volta!

O que é o "Aloha Kai"?

Aloha Kai” é curta-metragem dirigido pelo Michel Franco, amigo meu de longa data e parceiro essencial em qualquer situação, principalmente nos sets e filmes da vida! É o TCC dele, aliás! Eu escrevi o roteiro junto com ele, a partir de uma ideia dele, muito boa, sobre esse garoto, o Kauê. O Kauê é filho de um surfista que morreu surfando, então le perdeu o pai quando ainda era um bebê e nunca conheceu o mar. Ele começa a ter um problemas com a mãe decide, por conta própria, ir até a praia e, é lógico, no caminho, ele amadurece pra caramba! E com ajuda de um monte de gente legal que ele conhece no caminho, acaba conhecendo um pouco mais do pai e de si mesmo. Eu também sou assistente de direção do filme e, pelo que eu vi no set e conheço do roteiro, tenho certeza que o Aloha Kai vai ficar maravilhoso!

Nos making of disponíveis na página, é visível um entrosamento entre os participantes do projeto. Até mesmo quando é necessário pedir uma ajuda pro financiamento do curta. Pra você, quando um projeto é conquistado com união e esforço, o resultado acaba um pouco mais satisfatório, com uma cara de conquista?

Com certeza! Sem uma equipe unida e entrosada de verdade, conhecendo cada pedacinho do projeto, um filme não saí! Então é mais do que uma conquista um projeto realizado com união; ao meu ver, é o único jeito de fazer cinema!

"Sjó" e "Aloha Kai" possuem cenas em praias. Você gosta deste cenário pra criar uma história ou é uma coisa de fase?

Eu nasci e cresci em São Bernardo do Campo, na boca da Anchieta. Da minha casa até o mar é menos de uma hora de carro! Então eu meio que cresci ligado ao mar, a praia e ao litoral. Eu sempre vou pra lá pra escrever e ficar um pouco sozinho quando preciso, e poder trabalhar com esse cenário de uma forma muito mais séria e profunda do que simplesmente “verão, férias e passeio” é muito importante pra mim. Não acredito que seja um tema recorrente, mas obviamente não é só uma fase pra mim! Mas, que fique claro, o Aloha e o Sjó se passam na praia por motivos completamente diferentes! Eles não são nem um pouco relacionados e são bem diferentes no tema e gênero, o que mostra que, assim como a cidade, o litoral também pode ser explorado a partir de diversos gêneros e olhares.

Como é o seu projeto de criação? Ou você é um daqueles que no meio de algo inesperado tem uma ideia nova pra um roteiro?

Hehe, não sei se eu tenho um processo claro de criação. Às vezes eu quero falar sobre um tema ou assunto específico e começo a estudar qual a melhor forma de falar sobre ele. Foi assim no “Café Gelado e Cigarros Baratos”, no “O Que Não Te Pertence Mais” e, até certo ponto, no “Sjó” também. Mas na maioria das vezes, você cria, bem do nada mesmo, uma história ou um pedaço de uma história na sua cabeça a partir de uma luz bacana na rua ou de um senhor tocando violão ou de uma criança correndo de um pombo ou até mesmo de um olhar de alguém no ônibus e começa a criar todo um mundo ao redor daquilo. Uma música te inspira pra caramba e você cria um personagem. Um lugar te incomoda e você cria uma cena, e o resto, vai se encaixando. Acho que o único processo real que eu uso é deixar essas pequenas influências externas marinarem e crescerem a vontade na minha cabeça. Muitas vezes não dá em nada, mas às vezes você recebe, sem saber, uma história linda em suas mãos. Aí é só contar pros outros. Egoísmo guardar só pra gente.

Digamos que alguém que está lendo essa entrevista esteja com uma grande vontade de cursar cinema, o que você diria pra essa pessoa?

Vale a pena. De verdade! Fazer cinema é uma maldição. Depois que você começa, tudo na sua vida muda, não só o jeito de ver filmes. Você pensa diferente, age diferente, fala diferente... De vez em quando, aliás, dá vontade de sair fora... Você vara noites e noites escrevendo, gravando, editando, montando, só pra não gostar do material final! Mas eu garanto que, se você sente que nasceu pra isso, mas sente de verdade, não há nada mais gratificante no mundo do que emocionar alguém com uma história que você ajudou a contar.

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