Perfil: Dercy Gonçalves
Vamos falar um pouco sobre um dos ícones da televisão brasileira!
Dolores Gonçalves Costa, mais conhecida como Dercy Gonçalves, foi uma atriz, humorista e cantora brasileira, oriunda do teatro de revista, notória por suas participações na produção cinematográfica brasileira das décadas de 1950 e 1960.
Celebrada por suas entrevistas irreverentes, bom humor e emprego constante de palavras de baixo calão, foi uma das maiores expoentes do teatro de improviso no Brasil.
Devido à sua personalidade extrovertida e alegre, conquistou muitos amigos e admiradores durante toda a sua longa vida de mais de um século de existência.
Originária de família pobre, nasceu na cidade de Santa Maria Madalena, no interior do estado do Rio de Janeiro, em 1905, mas foi registrada erroneamente, em 1907.
Era filha de um alfaiate e de uma lavadeira.
Sua mãe, chamada Margarida, abandonou o lar ao descobrir a infidelidade do marido.
Dercy foi bilheteira de cinema, além de apresentar-se teatralmente para hóspedes de hotel em sua cidade natal. Teve que aturar o pai bêbado em casa e sofreu muito com o abandono da mãe, de quem nunca mais teve notícias.
Aos dezessete anos, fugiu de casa e se juntou a uma companhia de teatro.
Estreou em 1929, em Leopoldina, integrando o elenco da Companhia Maria Castro.
Fazendo teatro itinerante, fez dupla com Eugênio Pascoal em 1930, com quem se apresentou por cidades do interior de alguns estados, sob o nome de "Os Pascoalinos".
Em 1934, teve um romance passageiro com o exportador de café mineiro Ademar Martins, do qual nasceu sua única filha, Dercimar.
Especializando-se na comédia e no improviso, participou do auge do Teatro de revista brasileiro, nos anos 1930 e 1940, estrelando algumas delas, como "Rei Momo na Guerra", em 1943, de autoria de Freire Júnior e Assis Valente, na companhia do empresário Walter Pinto.
Na década de 1960 iniciou sua carreira-solo.
Suas apresentações, em diversos teatros brasileiros, conquistavam um público cheio de moralismos.
Nesses espetáculos, gradativamente introduziu um monólogo, no qual relatava fatos autobiográficos.
Paralelamente a estas apresentações, atuou em diversos filmes do gênero chanchada e comédias nacionais.
Na televisão, chegou a ser a atriz mais bem paga da TV Excelsior em 1963, onde também conheceu o executivo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.
Depois passou para a TV Rio e já na TV Globo, convenceu Boni a trabalhar na emissora, junto de Walter Clark.
De 1966 a 1969 apresentou na TV Globo um programa de auditório de muito sucesso, Dercy de Verdade (1966-1969), que acabou saindo do ar com o início da Censura no país.
No final dos anos 1980, quando a censura permitiu maior liberalismo na programação, Dercy passou a integrar corpos de jurados em programas populares, como em alguns apresentados por Sílvio Santos, e até aparições em telenovelas da Rede Globo.
No SBT voltou a experimentar um programa próprio que, entretanto, teve curtíssima duração.
Sua carreira foi pautada no individualismo, tendo sofrido, já idosa, um desfalque nas economias por parte de um empresário inescrupuloso — o que a fez retomar a carreira, já octogenária.
Teve uma filha chamada Dercimar.
O nome é uma mistura de Dercy com Ademar.
Ademar era um exportador de café por quem Dercy se apaixonou.
Moraram juntos um tempo, ela engravidou, ele registrou a criança e não apareceu mais.
Dercy dissera uma vez em entrevista que fora enganada por seu primeiro namorado, que a violentou sexualmente em sua adolescência, só que ela nem sabia o que era isso, disse que simplesmente sangrou muito, e não imaginava o que fosse. Era chamada de "negrinha" na infância, por ser neta de negros.
Era uma típica moça do interior, ingênua e alegre, que mesmo fugida de casa ainda brincava de bonecas de pano.
Dercy Gonçalves morreu com 101 anos, às 16h45', no dia 19 de julho de 2008, no Hospital São Lucas, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro.
Ela foi internada na madrugada do sábado dia 19 de julho.
A causa da morte teria sido uma complicação decorrente de uma pneumonia comunitária grave, que evoluiu para uma sepse pulmonar e insuficiência respiratória.
O estado do Rio de Janeiro decretou luto oficial de três dias em memória à atriz.
Na mesma semana, Afra Gomes e Leandro Goulart e o elenco de Pout-PourRir prestam, em cena, uma última homenagem à Dercy.