Curiosidades: Legião Urbana
É difícil encontrar alguém que não conheça sequer uma música da banda liderada por Renato Russo. Vai dizer que você não faz parte do coro de "Seeeeeeeráaa só imaginação?" ou Já tentou decorar a letra de "Faroeste Caboclo" e seus nove minutos de música?
Legião Urbana marcou as gerações e a história da música brasileira e a Olho na Arte traz para você fatos e curiosidades dessa banda que será lembrada ainda por muito tempo.
Renato Russo era o nome artístico de Renato Manfredini Júnior, nascido no Rio de Janeiro, no dia 27 de março de 1960. À frente da Legião Urbana, Renato foi um dos principais cantores e compositores durante o estouro do rock brasileiro nos anos 80, registrando clássicos daquela década como "Faroeste Caboclo", "Que País É Esse?", "Pais e Filhos", "Há Tempos", entre tantos outros.
A banda nasceu em 1982, logo após o fim do Aborto Elétrico – grupo punk que também deu origem ao Capital Inicial. No início, as canções de Renato eram recheadas de críticas sobre a sociedade brasileira. Exemplos claros disso eram as faixas "Geração Coca-Cola", "Será" e "Índios". Mas o diferencial da Legião era que, além das letras de protesto, o grupo se permitia falar sobre amor, como em "Ainda é Cedo", "Quase Sem Querer" e "Eduardo e Mônica". Justamente por essa dualidade, não era difícil ser embalado pelas melodias da banda.
Em 1989, Renato Russo foi diagnosticado como soropositivo. Apesar disso, a banda seguiu carreira e só foi parar sete anos depois. O último álbum da Legião Urbana foi A Tempestade Ou O Livro dos Dias, lançado em outubro de 1996. Apenas 21 dias após o lançamento do disco, dia 11 de outubro, Renato faleceu em seu apartamento no Rio de Janeiro. Com sua morte, estava decretado o término da Legião Urbana.
Mesmo com o fim, a Legião ainda é o terceiro grupo musical da gravadora EMI que mais vende discos em todo o mundo, com uma média de 250 mil cópias por ano. Renato é venerado como um dos mais importantes compositores do rock brasileiro e conta com uma verdadeira legião de fãs, que mantém viva a apreciação da banda, considerada por muitos a mais importante de todos os tempos no Brasil.
Deu no Melody Maker
Na edição de 31 de março de 1979, quase um mês depois da morte de Sid Vicious, do Sex Pistol, o lamento de um certo Eric Russel foi escolhido como o texto da semana. Eric era na verdade Renato, e veja a traduçao da carta logo abaixo:
"Quando umigo me disse e eu não acreditei. Tive que ligar para meu professor de violão e perguntar se ele tinha ouvido alguma coisa. Aconteceu numa sexta-feira, mas eu só soube da notícia domingo à noite. Nada me atingiu do jeito que a morte de Sid me atingiu. Chorei a noite toda, e era como uma espécie de grito, doloroso, não só por Sid, mas por tudo. Perdi completamente o controle de mim mesmo. Sabe, nada acontece aqui, nunca. Eu sempre recebo as notícias duas semanas atrasado. Não se lança nada de new wave (ou qualquer outra coisa boa que interesse) aqui, eu tenho que comprar importados do Rio. Tudo é discoteca, Travolta ou samba.Acho que meu pai sabia, ele provavelmente viu na TV ou leu nos jornais, mas não me contou.
Quando a coisa do punk estava acontecendo. Nos envolvemos com a música como não acontecia desde os Beatles e os Stones. Era diferente. Sid, John e o Clash, eram todos heróis. Eles pensavam do jeito que a gente pensava; nem mesmo o Airplane (Jefferson Airplane, grupo psicodélico formado em São Francisco,
no auge do flower power) tinha batido tão perto em mim. Dava um certo medo, era como dividir alguma coisa, não apenas ser um fã burro. (...) Ele morreu por causa do que era. E como Brian (Jones, guitarrista dos Stones), Jim (Morrison, vocalista dos Doors) e Gram (Parsons, ex-The Byrds, pioneiro do country rock que morreu em 1973, de uma overdose de morfina e tequila, em Joshua Tree, Califórnia), as pessoas só vão entender depois de alguns anos. Alguns vão esquecer, outros não, alguns já esqueceram, mas quando um herói é de verdade (eu digo herói mesmo), ele sobrevive. Aposto que alguém vai rir lenso isso. Pode rir, você não entende. (...) Eu cresci milênios de 75 prá cá. Mas ainda tenho 18 anos. Vejo as coisas um pouco diferente hoje, e odeio... Mas vou passar por isso e não vou perder (ganhar) como Sid Vicious fez. E eu vou fazer por ele porque ele fez por mim."çou, eu e meus amigos entramos de cabeça porque alguma coisa."
Eric Russel, Brasília, 1979
Renato "Russo"
Renato Manfredini Jr, passou a usar o sobrenome Russo em homenagem ao filósofo Jean-Jacques Rousseau, que defendia o ideal do "bom selvagem", ou seja, o homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe, portanto o homem deveria voltar-se para o refúgio da natureza pura.
Urbana Legio Omnia Vincit - Legião Urbana a Tudo Vence
Renato Russo adaptava a frase do estadista romano Júlio Cesar (Romana Legio Omnia Vincit) pra assinar os textos sobre a Legião que sempre escrevia.
Porre Revelador
Embora a turma fosse composta por várias meninas, Renato não teve envolvimento público com nenhuma delas. A garota com quem tinha mais contato era uma descendente de chineses chamada Suzy, ele só conversava em inglês com ela. Apesar de não ter namorada, ninguém da turma desconfiava que Renato tivesse tendências homossexuais. A primeira vez que ele deu sinal, foi quando depois de ter bebido, agarrou um sujeito numa festa, onde estavam Ico Ouro-Preto, André Muller,Dinho, Dado... Lá pelas tantas, o Renato, já meio bêbado, agarrou um cara, ele não gostou e foi a maior confusão, rolou uma briga, um empurra-empurra. Todo mundo ficou surpreso. Naquela noite, mais uma vez, Renato voltou para casa a pé, sozinho.
A ou O?
Se você sempre se pergunta se deve dizer "a" ou "o" Legião Urbana, saiba que o próprio Renato Russo usava o artigo feminino para se referir ao grupo, e o correto é mesmo "a Legião" e não "o Legião"
Fátima Caboclo?!
Havia uma (con)fusão entre "Faroeste Caboclo" e "Fátima", do Capital Inicial. Renato cantava "Faroeste" com a letra de "Fátima" e o Capital fazia o inverso. Dá pra imaginar?
Grampos na Boca
Teve uma época que Renato começou a se furar (colocava rebites metálicos no rosto) e frequentemente adotava o visual punk mais tradicional. Pintava o cabelo com três cores diferentes, rasgava a roupa toda e botava alfinetes de fralda, também usava um pé de tênis vermelho, outro azul. Ele foi vestido desse jeito a uma apresentação nobre do bailarino Mikhail Baríshnikov. Nesse festiva,l estavam nomes importantes do cenário de Brasília, inclusive militares. Falando em inglês o tempo todo, Renato se passou por alguém de alguma embaixada, conseguiu lugar na primeira fila, foi ao camarim ao fim da apresentação e ainda ficou amigo do bailarino, que fez questão que ele estivesse presente nas outras duas performances que faria no Rio e em São Paulo. Renato acabou nem seguindo o astro, mas mostrou o tamanho do seu carisma.
"Aborto Elétrico"
O nome da primeira banda de Renato Russo surgiu por acaso. Fê Lemos, André Pretorius e Renato estavam pensando em um nome pra banda. Fê cita um grupo americano, Electric Flag (Bandeira Elétrica), e diz que poderia se algo parecido. Daí André fala: "Aborto Elétrico", e todos concordam.
Além da imagem forte, o nome Aborto Elétrico também foi escolhido pelas iniciais AE, que eram pichadas utilizando o mesmo tipo de letra do movimento anarquista. Segundo Fê, a versão de Renato para a criação do nome - citação a um tipo de cassetete usado pela polícia brasiliense em 1968 que dava choque e acabou fazendo uma jovem grávida perder o bebê - não era verdadeira.
Garotas do Aborto
O Aborto Elétrico tentou incluir duas vocalistas: Ana Resende e Cris Brenner, então namorada de Fê. Elas tentaram "Geração Coca-Cola", escrita por Renato em uma folha de caderno espiral, mas ambas desistiram logo depois do primeiro ensaio. "Ninguém avisou que não ia dar pra escutar nada, a voz era engolida pelos instrumentos. Foi uma decepção total", lembra Ana.
Uma Barata Chamada Kafka
Em 1990, a Legião está em seu auge, com o disco As Quatro Estações. Num show no Parque Antártica, em São Paulo, Renato Russo aproveita para ironizar a banda "Inimigos do Rei", que havia comentado em uma entrevista que a música deles, "Uma Barata Chamada Kafka", era tão importante quanto "Pais e Filhos". Antes de tocar "Pais e Filhos", Renato disparou: "Essa vai para quem acha que uma barata é tão importante quanto a família da gente."
Fontes: Uol, Geocities.