Entrevista com Lawrence Prado "Last"
Em uma manhã de sábado, a equipe da OLHO NA ARTE visitou a Escola Estadual Prof. Dr. Camilo Marques de Paula, em Indaiatuba, para acompanhar o trabalho da Agência Experimental de Comunicação e Artes BALAIO DE GATO que ensinava graffiti para crianças que participam do projeto Escola da Família. Ao chegarmos, nos deparamos com uma escola com um visual totalmente diferente dos "padrões" das escolas públicas. Com paredes e portas carregadas de belos grafites, a escola tem um apelo visual voltado para a arte muito forte. Encontramos com o professor de artes, Lawrence Prado, que com muito orgulho nos mostrou cada grafitti e nos contou toda sua história, até o resultado em que presenciamos. Paredes reformadas, portas com desenhos de artistas famosos e salas com arte em suas paredes, mostraram que Lawrence e a direção da escola descobriram que a arte pode mudar a história da instituição. Batemos um papo com o professor, que nos explicou como foi seu começo na escola e o que espera para o futuro de seus alunos!
Como a Escola Camilo entrou na sua vida acadêmica?
Após ter terminado a faculdade em 2012, eu trabalhava como técnico de edificações na área de construção civil e eu teria que aguardar a abertura das inscrições para processo de atribuição de aulas em março de 2013. já estava decidido a me tornar professor de artes e mudar de ramo. Só que após ter feito a inscrição para dar aula, passei por uma cirurgia de reconstrução do tendão de aquiles, após ter rompido em uma partida de handebol jogando para o time da cidade! (risos). Nas horas vagas eu também sou atleta! Acabei perdendo a vaga, no começo do ano, porque fiquei três meses me recuperando. Aí, na Escola Estadual Dr. Prof. Camilo Marques de Paula, no mês de agosto de 2013, foi disponibilizado algumas aulas de arte e eu me candidatei para vaga e entrei para assumir classes de 5° ano do ensino fundamental a 1°ano do ensino médio, de agosto à dezembro. Aí começou esta história de amor com a escola.
Desde que entrou na escola, você percebeu que ela precisava de mudanças?
Sim, tive essa necessidade de contribuir de alguma forma na melhora visual e também comportamental dos alunos, visto que a escola estava vindo de uma reformulação na diretoria, onde por parte da direção, também havia essa vontade enorme de recuperarmos o patrimônio escolar. Inicialmente, apresentei um projeto de recuperação das portas dos banheiros dos alunos e a resposta foi imediata: valorização por parte dos alunos, professores e conservação patrimonial.
Você reformou uma sala com pintura e grafitti. Em qual estado você encontrou aquela sala? A partir do projeto das portas, resolvemos fazer a recuperação das salas de aula, estas se encontravam em um estado de destruição total. As paredes estavam sem pintura, descascadas, paredes pichadas e depedradas. Durante dois meses, eu ia aos finais de semana para passar massa corrida, lixava e pintava as paredes e porta da sala. Depois deste período, resolvemos que o graffiti a ser feito, seria voltado para educação e suas disciplinas, e o tema escolhido entre os professores e alunos foi ALBERT EINSTEIN!
Em minha visita à escola, pude perceber que todos os muros se encontravam em belos grafittis, tanto dentro da escola quanto fora. Você acha que as pessoas daquele bairro conseguem notar a mudança na escola? A percepção e mudança de comportamento veio de dentro da escola para fora dela, atingindo a comunidade ! Foi importante fazer os graffitis levando arte a um lugar onde os alunos e a comunidade tivessem acesso direto! A partir daí, foi feito também, trabalhos de conscientização dos alunos e no evento que tornou possível a participação da comunidade, podemos ver os resultados. Após dois anos, os muros externos da escola continuam intactos, sem pichação ou qualquer tipo de depredação!
A direção sempre te apoiou muito, o que contribuiu bastante, mas ainda não foi o suficiente para realizar todos os seus desejos. Você se considera "sortudo" por encontrar uma direção que acredite em suas ideias?
Sim, sem o apoio da direção que acreditou no projeto, isso não teria sido possível. As diretoras Nalú e Maria Macente foram peças chaves para que tudo isso fosse realizado. Gostaria até de agradecer por tudo o que elas fizeram por mim! É o sonho de todo professor ter um apoio assim em qualquer escola! Lógico que o projeto está longe de terminar, pois acabamos esbarrando em questões financeiras ou falta de parcerias, já que o projeto envolve custos e infelizmente o estado não banca todos os custos do projeto.
Qual foi o nível de receptividade dos alunos com você? E a aceitação referente aos grafittis? No começo, houve desconfiança, que aos poucos deu lugar ao amor e respeito pela arte de rua. Como o graffiti é uma arte para todos e está sendo bem valorizada em ambientes externos e internos, vimos que a aceitação foi imediata na escola, pois a linguagem do graffiti hoje atinge várias faixas etárias. Prova disso é o zelo, cuidado dos alunos na conservação dos lugares onde esta arte foi feita.
Daqui a alguns anos, caso não lecione mais no Camilo, o que espera dos alunos da escola?
Espero que toda essa experiência artística tenha mudado de certa forma o olhar dos alunos com relação a arte, a vida e tudo o que ela proporciona culturalmente em nossas vidas, transformando-os em cidadãos melhores!
Contato de Lawrence Prado "LAST"
Artista Plástico/Arte educador
(19) 99311-9009 / (19) 2516-1235
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